"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável" ( Gandhi)

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Vida, processo de viver.




A vida me canta
uma sinfonia meio treinada
Me impõe sustenidos e bemóis
Graus, diminutos
Hora fico grave,
doutras suave.
Leve, leva,
Levou, vôou, vou.
Não levo tudo a sério
Um sorriso às vezes me faz ir.
E ela faz assim,
como se fosse criança
Sorrindo, brincando comigo.
Por não resistir vivo assim.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Cores e marcas.




Eu guardo um grito rouco para te dar, mas me encontro sem condições de o fazer. Minha voz está rouca, o ácido à tempos vem corroendo minha boca e queimando em meu estômago. Meus olhos ardem, ardem como se o ar os irritasse, como se essa atmosfera infectada de podridão também os queimasse. E como se fosse loucura, finjo gritar roucamente para ti, mas onde está a voz, eu mesma não a ouço. Observo o dia com a calma de quem está somente de passagem e não presto muito atenção nos detalhes, assim finjo a nada me importar. Mas tudo me comove, e é um buraco sem fundo, há somente o início. Tenho a certeza do teu toque, da entonação da tua voz e do teu olhar fixado em uma parede fria e branca. Observo calmamente o desenrolar do desfecho sem incrementar-lhe um ponto final. Preferia antes uma interrogação, de história não terminada, de missão não cumprida, pois a história é grande, imensamente grande, e nunca morre, e a insatisfação é um sinal de vida. Não vejo graça na satisfação, na resignação, prefiro teu ser insatisfeito que espera mais de cada dia, ah, eu também espero. Mas não aguardemos sentados. Vá correndo, pulando, brincando, sentindo as cores e marcas da vida.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Matéria de estrelas.




Nesse instante, eu queria sair deste quarto, mas não tenho para onde ir, além disso, o problema é que não tenho com quem ir. Nessas horas, o que eu mais queria era tirar você de mim e te abraçar forte, sentir que você existe e que sempre esteve aqui dentro de mim. O problema não é o caminho e sim como se vai, com quem se vai, como se chega. Por mais árduo que seja, com as pessoas certas nos sentimos fortes e seguimos. E quem seriam as pessoas certas? Estas seriam as pessoas a quem amamos e que se preocupam realmente conosco. Quisera eu um dia a pessoa certa, ela não veio, talvez até tenha se aproximado de mim, mas eu não a dei chances. Assim como também não deixei brechas para que o sentimento aflorasse. A verdade é que ele não surge, ele apenas desaba sobre nós, nos cobrindo como um véu. Ele cobre nossa visão, tapa nossa boca, nos deixa confusos como se rodássemos estonteadamente na imensidão do espaço, e nesse rodopio, de repente, paramos perplexos. O que realmente aconteceu? Não sabemos. Mas ficamos desentendidos de nós mesmos, do que sentimos. Eu senti, ou apenas pensei sentir, imaginei o que não era? Me confundi com a realidade. Eu que de todos o mais sensato era, como pude perder-me em fantasias? E se essa vida for uma fantasia? E se eu não existir, e se você não existir? Eu repenso as possibilidades de algo ter saído errado. Em nada vejo lógica, apenas a desordem. Poeira cósmica. Somos todos matéria de estrelas.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

C.L.



"Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém."
Clarice Lispector

"Clarice veio de um mistério, partiu para outro".

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"...

Que Deus não permita que eu perca o romantismo, mesmo eu sabendo que as rosas não falam.

Que eu não perca o otimismo, mesmo sabendo que o futuro que nos espera não é assim tão alegre.

Que eu não perca a vontade de viver, mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa.

Que eu não perca a vontade de ter grandes amigos, mesmo sabendo que com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas;

Que eu não perca a vontade de ajudar as pessoas, mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir esta ajuda;

Que eu não perca o equilíbrio, mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia;

Que eu não perca a vontade de amar, mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo pode não sentir o mesmo sentimento por mim;

Que eu não perca a luz e o brilho no olhar, mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo escurecerão meus olhos;

Que eu não perca a garra, mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente poderosos;

Que eu não perca a razão, mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas;

Que eu não perca o sentimento de justiça, mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu;

Que eu não perca o meu forte abraço, mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos;

Que eu não perca a beleza e a alegria de ver, mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma;

Que eu não perca o amor por minha família, mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigirá esforços incríveis para manter sua harmonia;

Que eu não perca a vontade de doar este enorme amor que existe em meu coração, mesmo sabendo que muitas vezes ele será subestimado e até rejeitado;

Que eu não perca a vontade de ser grande, mesmo sabendo que o mundo é pequeno.

E, acima de tudo...

Que eu jamais me esqueça de que Deus me ama infinitamente, de que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois a vida é construída nos sonhos e concretizada no amor!

Francisco Cândido Xavier

domingo, 12 de setembro de 2010

Cupidos.




Mãos pulsam, latente, irreverente, incomparável coração.
Cansado de ser atingido por mais uma flecha perdida, que um cupido idiota lançou.
Lançou, deveras, sem olhar, pois errou o alvo e ainda acertou em cheio.
Agora vem me pedir a flecha roubada. Como?
Se é que ao menos roubei; nem se quer pedi.
Mas idiota sou em pensar em acreditar que cupidos existem.
O culpado é o tempo, pois este não passa quando estou contigo, me conduz a mais um tiro em cheio.
Ah, tempo sem fim !!!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"...




Ela anda sempre correndo, tropeça em seus passos. Sempre querendo voar. Sonha com o céu cor de ángar com carmesim. Mas até onde ela iria sem seus sonhos? Ela acorda de um sonho ruim, está completamente banhada em suor. Mas prefere sonhar há ter de viver nessa realidade dura. E eu digo para ela, melhor viver na realidade cruel do que na fantasia desbravadora. Ela nunca concordaria comigo. Mas agora suas frases de efeito e emoção já não fazem tanto sentido. Como poderia ela voar com os pés no chão. Em um sonho ruim, ela não pode voar. Isso seria o fim para ela. Então onde estão seus amigos agora, você não pode mais contar com eles, e com ninguém. Voar em um sonho desbravador. Sugar todo o mundo na mais bela ferida feita em seus lábios. Mas ela me pedi para dizer que está tudo bem. A verdade dói mais que uma mentira, mas precisa ser dita. Todo dia ela chora, e é tudo por amor a solidão.

domingo, 18 de julho de 2010

Um reflexo em meu olhar.




Meu corpo havia sofrido um grande choque. Não tinha inspiração para nada, passaram-se noites, dias, e nada, nenhum texto nenhuma música. Não conseguia mais ver aquele outro lado, o lado bobo e feliz que antes sentia. Antes quando as coisas pareciam um pouco diferentes destas como estão. Mas eu não podia, não novamente, não queria apelar para minha autoflagelação, mas precisava naquele instante sentir, qualquer coisa, mesmo que doesse era a minha dor e não a de outrem. Eu precisava e iria em frente se preciso fosse. A decisão veio, minha mãe estava em casa, esperei ela dormir, não queria compartilhar aquele momento com mais ninguém. Abri minha gaveta, pensei um pouco, dessa vez seria diferente, nada de músicas apelativas, nada de cigarros, nem mais um drink, iria sentir a dor estando sóbria. Fechei a porta e respirei fundo, minhas mãos estavam tremendo. Como eu poderia saber o que sentia se naquele momento eu estava longe de mim, alguém que não era eu, talvez fosse minha psique tentando mostrar que algo estava errado, não no mundo, mas em mim. Olhei para meu braço e fiquei pensando onde deveria cortar. Peguei a gilete sutilmente e fiz um corte raso, de modo que ardesse, e queimava... Olhei para o espelho e vi um brilho diferente em meu olhar, outros princípios se fizeram presentes, como se houvesse um reflexo em meu olhar e esse reflexo refletisse outro ser, outra pessoa trancafiada em meus pensamentos, talvez fosse o meu ego falando mais alto, como se quisesse chegar à frente de meu espírito, talvez, se essa fosse a intenção, poderia dizer que ele conseguiu. Agora, sem medo, fiz cinco cortes um pouco profundo, mas não estava doendo tanto, não satisfeita fiz mais cinco abaixo destes e com a gilete fiz uma divisória, separando os dois conjuntos de cortes. Decidi unir os cortes de cima com os de baixo, porque nunca estava bom, e minha dor era demasiadamente intensa, não a dos cortes, mas a do meu espírito, cansado, mas o meu ego, que mais se pode dizer de egoísta, jamais esteve assim do meu lado, e sim ocupando meus pensamentos e minhas ações. Estava sangrando, mas isso não me importava, continuava passando a gilete nos cortes já existentes, o sangue estava escorrendo sobre o meu braço e a sensação que me propiciava aquele momento era indiferente. Não sabia mais o que era certo, mas gostava de ver aquela cor intensa e vermelha saindo de mim, não conseguia desviar meus olhos, e eu via escorrer até chegar a minhas mãos, estava quente, como se fosse vivo. Vida saindo de minhas mãos, escorrendo sobre o chão, vida sendo desperdiçada, vida que doía mesmo estando morta. Não sei por que, mas eu sorria e sentia uma vontade insana de mostrar aquilo a alguém, então me olhei mais uma vez no espelho, e não mais vi o seu reflexo, agora era apenas eu e minha estância de vida. E ia sumindo, toda aquela dor ia desaparecendo feito fumaça, as palavras ressoavam em minha cabeça, “missão cumprida”, mas eu sabia que nada havia sido feito, apenas adiado para outro momento.

Texto adaptado,
Uma noite - por Thay.
http://forevernever-friends.blogspot.com/

sexta-feira, 16 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Colírio natural para os olhos.

Eu estou pronta como Drummond: “tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo”.

A lágrima é uma composição extremamente complexa que está diretamente ligada as nossas emoções. A minha, uma composição de raiva, ansiedade, amor, misturada como festa em poesia, com um tom menor bem suave, quase inaudível. Decorada com sussurros de conformação, com trapos de poemas feitos em última hora em um guardanapo, no qual você acaba de limpar a sua boca. Seu batom de tom vermelho, para umas pessoas é um tanto rude, para mim, é sintonia, na tua pele, nos teus olhos, nas tuas mãos, às vezes tremulas, incansáveis na procura de teus cacos, restos de passagem. Quando eu estou chorando sempre penso comigo mesmo, chorar faz bem a alma, aos olhos. E faz mesmo, uma válvula de escape, para nós ou para o corpo? Já cansei de te dizer que não aguento certas pressões, pois a resposta vem como que automática, apenas eles respondem por mim, e não cansam de responder, encontros levemente, me desonram, me deixam na sede de um dia ter alguém que chore por mim, na verdade nem quero, nem ligo para esses fins, tento me concentrar somente no meio, não no fim.

domingo, 30 de maio de 2010

""..

Estou chegando a minha última tentativa, a minha última dor de barriga. Cheguei a ti por recomendação, na mais alta colina, quero ficar mais perto de ti. Espero que me faças livre, mas , na verdade, gostaria que me aprisionasse em uma garrafa, ou talvez em sua pequena caixa. Acima desse mundo, acima das minhas dores, acima das preocupações, e como eles costumam definir: de volta ao primeiro amor. Acho que está tão simples de compreender, não sentiras dificuldade. A minha última carta a ti. Não espero mais ter que escrever tais coisas, mas se for de tua vontade... Não consegue enxergar essa bagunça que fizeste em mim? Chego a conclusão de que a culpa não é minha e sim sua, só sua. Mas ainda não cheguei à razão por que deveria eu te idolatrar, por que não aparece em forma de uma imensa luz? Por que não cura os doentes? Por que não lava nossas almas? E por que, por que nunca responde? Não enxerga, ou finge não ver o mundo, se ele é seu. A minha descrença só aumenta, a culpa é nossa. Não me culpe, mas não espero mais que essa situação melhore ou venha a mudar, acho até que tende a piorar. Você bem sabe, sou pessimista em certas coisas, e há certas coisas que não podem ser concertadas, pois o erro está nelas, em existir. Então, a solução seria a destruição? O holocausto de toda uma nação. Não sei, mas só sei que não consigo mais fingir. Só amo o que amo, e sinto o resto que em mim existe, meros sentimentos. O resto de um ser qualquer jogado na sarjeta. Veja que não minto, mas as tuas respostas não explicam, só me enchem cada vez mais de dúvidas. E o que eu achava que sabia, agora já não sei. O que eu pensava que sentia, agora já não faz parte de mim. E enquanto as respostas que eu queria, agora fujo delas. Sem concertos, sem esperanças, não busco mais tua voz e teu alento, fujo desesperada a procura de minha dor, que só ela me entende, que agora ela já quase não existe. E o resto de tudo foi o que sobrou, esse nada que me consome, mas esse nada sempre será alguma coisa.

domingo, 2 de maio de 2010

O nosso problema não é a seca, e sim a cerca.

O nosso problema não é a seca, o nosso é a falta de terra pra plantar.
É essa cerca que ainda divide o que por assim dizer é nosso.
O nosso problema não é a seca, o nosso problema está nessa sanidade
que diz acabar com esse incêndio.
O nosso problema não é a seca, o nosso problema não é a sede,
pois para toda sede haverá água para saciar.
O nosso problema não está no Nordeste, o nosso problema está no Brasil
Em uma das cadeiras do senado para ser mais exata.
O nosso problema não está na terra o nosso problema está no tempo.
Pois a terra é boa, doutor.
O problema mesmo é esse tempo de agora,
Em que as pessoas se esquecem de quem realmente fez essa terra crescer.
O nosso problema é uma mãe chorando, pois seu filho não tem o que comer.
O nosso problema é uma criança que não pára de crescer.
O nosso problema ainda é essa cerca que separa o seu olhar do meu.

sábado, 20 de março de 2010

"...




Suas mãos frias seguraram as minhas,
Em um silêncio exemplar.
Quem seria capaz de medir qual mais fria era.
Unidas pareciam uma costa montanhosa
Nunca habitada antes.
Seus olhos completaram meu olhar, vagante, sem rumo,
A união de todas as palavras em uma única voz
Não era a sua nem a minha,
Era a nossa.
Uma única voz desafinava sozinha,
Em um canto crepuscular.
Não era paixão, quem sabe amor,
Era algo mais que união,
Era mais um completar.
Você a mim e eu a você, quem sabia quem era quem.
A imagem congelante me fez parar,
Porque não era rápido, e sim
Lento, cinza.
Parecia um fim e um não.
Quando não, senti um começo.
Tudo se iniciava.
O coração não pulsava como antes em vida,
Agora ele durava naquele instante.
Lento, cinza.
Um estado de morte e vida, renascer.
Mas faltava o fogo, que incendeia,
Queima, fere.
Este não veio de mim, mas de ti.
De sua respiração lenta
Nos fazendo acordar desse transe.
No final restou só o perfume das flores
secas caídas sobre o chão.
Em nossa lápide
Mais um clichê, uma frase assim:
Duramos enquanto vivemos, quando morremos existimos.

"-Tenho febre emocional,
se isso é mais um delirio,
se tiver um chá agradeço,
se não deixe-me dormir."

domingo, 31 de janeiro de 2010

"..


Minhas resistências foram atingidas e tombaram."

sábado, 30 de janeiro de 2010

Sapo Cururu

Era apenas um sapo
Cururu da beira do rio
Não sabia cantar
E quase morria de frio.

Vivia na noite aos pulos
Em ronco com estilo
E cantava o cururu
Na beira do rio.

Nunca percebeu a luz da lua
Vivia aguado sem brilho
Vivia um agouro
O cururu da beira do rio.

Soluços no estio
Por que tremes filho?
Não tenho casa
Vivo na beira do rio.

Tinha jóias na garganta
E as modelava a fio
E vivia na estância
Cururu na beira do rio.

Soluça, engasga.
O que sentes filho?
Nada, é que sou um cururu
Moro na beira do rio.

sábado, 9 de janeiro de 2010

"O que nunca se disse.

Não me tire minha dor, pois saiba
Sem ela eu morreria
Não suportaria ser só
Mais uma insatisfeita.
Com minha dor enfeito as linhas,
A madrugada sempre alheia,
Nunca se passam as horas,
E o mundo nunca foi tão grande assim.
Não me tire-a,
Por favor, eu imploro.
Respeite meu silêncio
Meu desejo de não ser
Mais uma, de não
Ser mais compreendida.
Que ela nunca parta
Sempre ande ao meu lado
Até a nossa partida.

domingo, 3 de janeiro de 2010

"..




Quando se descobre o silêncio, palavras são pouco.