"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável" ( Gandhi)

domingo, 19 de outubro de 2008

Só para quem ama ler!




Para vocês que adoram livros!

Este livro vem como uma metáfora explicitamente literária. É um daqueles livros que você começa a ler e já se sente atraído para o fim da história, e cada página é uma tortura, pois não se sabe o que vem asseguir e às vezes nem queremos saber, queremos apenas ler e ler e continuar a ler, e continuaríamos lendo sem nos dar conta do tempo que passou, pois para nós tudo se passa ali entre àquelas páginas. Confesso, certas páginas me deixaram sem ar, - se é que isso já aconteceu com você, bem, acho que sim - na medida em que lia me esquecia do tempo e sentia um aperto no peito, estava tão concentrada diante daquelas palavras, pronunciadas em tão pouca fé, que quase, até mesmo, não conseguia respirar, - nossa, como uma pessoa se esquece de respirar!? rsrs - tamanha era a minha curiosidade, não, com certeza não era curiosidade, nem mesmo ansiedade, estava demasiadamente paralisada, digamos quase que "hipnotizada" diante daquele livro.

Sabem que até é compreensível esta história de que o livro Perfume fosse "infilmável".
As sensações vividas no livro são quase que impossíveis de serem transpostas para o filme, acredito que o diretor tenha sofrido com isso. O filme não passa tudo realmente, e para quem quer saber realmente toda a história resta ler o livro. E não é um filme de gosto universal por ser extremamente filosófico.

O escritor alemão Patrick Süskind conseguiu imprimir nas páginas de seu best-seller um universo repleto de odores, fazendo com que o leitor mergulhasse numa dimensão alternativa e vivesse através do olfato de Jean-Baptiste. “O Perfume – A História de um Assassino” (1985) é considerado por muitos leitores e críticos uma obra-prima da literatura mundial contemporânea, sendo traduzido para mais de 37 países e vendido mais de 30 milhões de exemplares.

O livro descreve fielmente as cidades e os costumes vividos da época, empregados por uma narrativa de alto teor. Narra a história de Grenouille, nascido no lugar mais fedorento da França, o Cimetière des Inocents em Paris. - nessa época reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje,. - Este foi rejeitado pela mãe desde a hora do nascimento. Grenouille possui um dom inestimável: um olfato incrivelmente apurado ou como dizia ele "o melhor nariz do mundo". Mas, no entanto, ao fazer essa descoberta também descobre que de alguma forma ele, Grenouille, o possuidor do melhor nariz, era capaz de cheirar todos os cheiros de uma forma tão exata, mas era incapaz de sentir o seu próprio cheiro, pois não possuía cheiro, não era capaz de exalar cheiro algum. Mas, a sua verdadeira ambição era criar o perfume perfeito, no qual ele usava o cheiro de garotas, geralmente na faixa etária de seus 15 a 16 anos, ou seja, sempre aquelas que haviam recentemente começado a se tornar mulher, e sempre eram as mais bonitas. Segundo Grenouille, a jovem garota tinha um cheiro tão assustadoramente divino que , quando viesse a se desenvolver em todo o seu esplendor, exalaria um perfume como jamais o mundo até então havia sentido.

Grenouille considerava as pessoas burras, pois "só sabiam usar suas ventas para ofegar, mas acreditavam reconhecer a tudo e a todos com os seus olhos. E nenhum deles saberia que não era pela aparência, na verdade, que tinha ficado seduzido, não por sua beleza externa, ainda que imaculada, mas por sua maravilhosa, incomparável fragrância! Só ele, Grenouille, é que saberia, tão-somente ele. Pois já agora sabia disso. "

Livro: Perfume - A história de um assassino.
Autor: Patrick Süskind.

-O Rejeitado -




O Rejeitado não tem nenhum cheiro.
O Rejeitado não tem mãe, pai, tio ou irmã.
Ele supera tudo, pois não tem por quem viver.
Supera a disenteria, queda em poços – tão escuros e frios
Quanto o seu interior – e todos os ferimentos possíveis.
Mesmo assim, o Rejeitado cresce alto e forte.

Concebido na penumbra
Rejeitado desde a hora do nascimento.
Eis o que lhe mantém vivo:
O Rejeitado não necessita de viver,
Apenas existe em seu próprio ser
Longe das ruas da cidade.

E mesmo não tendo cheiro,
O Rejeitado é dotado de um dom inestimável;
A percepção dos aromas.
No campo dos perfumes ele é o doutor.
Diante das flores esbanja talento
Aproveita-se dos perfumes para encobrir a sua podridão
O mau cheiro que emana de seu mundo.
Está é sua arte refinada.

Oh, rejeitado eis o que querias.

O próprio alquimista das palavras.
Encobre seus pensamentos e ações
Restando assim mais um verso
Solto em sua mesa.
Cores, odores, nuances, sabores e essências
Fazem parte... da sua ambição.
Tal sentimento que nos faz sentir ódio, desprezo e amor.

Simula o odor que espira, como
A perdição em um dia de chuva.
Vive em si mesmo
Não grita, não sorri, nem o seu próprio cheiro pode-se sentir.
Monstro que a natureza concebeu.
Não pode retribuir nada ao mundo,
Pois ele finge viver.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Memórias de um Assassinato





Mais uma vez perco a piedade e a compaixão, cometo um crime sem sentir a menor culpa ou pudor. Estou com a consciência limpa.

Lavo minhas mãos diante da possibilidade de tudo dar errado. Espero impaciente, demasiadamente ansiosa, mas espero à hora certa, o momento certo. Saberei no momento o que fazer, mas agora não penso mais e não espero as repostas que procuro.

Pego tudo que preciso para cometer meu delito. Coloco minhas luvas, não quero sentir seu corpo frio, visto meu sobretudo, apanho meu guarda-chuva e saio para as ruas da cidade.

Espero escurecer e, no momento em que a penumbra – quase escuridão –cobre a cidade, passo a me sentir melhor. Sinto-me bem, já de decisão tomada e decido ir em frente no meu plano, feito em momentos de pura insônia e de desumanidade.

Procuro a vítima certa, àquela que sem dúvida me aceitaria sem a menor desconfiança. Preparo meus instrumentos para a hora tão esperada, afino no tom do silêncio. Busco apenas uma “brecha” capaz de me dar a guerra já ganha. Olho para o relógio, já passam das 3:00, esse é o momento de agir!

Dopo minha vítima com argumentos pré-fabricados, me mostro semelhante e capaz de sentir o mesmo. Ofereço-lhe um cigarro, quero que partilhe com o meu vício. E no exato momento faço meu trabalho, faço tudo com o maior cuidado possível – não quero pistas- quero um crime perfeito. Mostro tudo que sou capaz, antes mesmo de começar já anseio o fim. Faço-te, talvez, um favor. Livrando-te deste armário sem luz.

Agora me cinto bem, saciada e explosiva. Nunca havia sentido tal sentimento, porém, acabei por assassiná-lo naquele dia junto à teu corpo.

domingo, 5 de outubro de 2008

Branca e não fria.

O que uma parede pode sentir? Nada!? Ela está ali sempre parada. Possui uma tonalidade branca e se estende até o céu. Vive fixada em uma só idéia. Ela não fala, não sente, não reclama, e mesmo assim, parece estar satisfeita com isso que lhe foi imposto. Eu me pergunto; Como? Como pode isso? Nós sentimos, falamos, impomos nossa opinião e, apesar de tudo, nós nunca nos satisfazemos. Nós não estamos satisfeitos.

Porém há uma coisa que ela faz sem notar, coisa que nós não fazemos nem mesmo quando queremos. Ela escuta. Sim, ela houve a tudo e a todos, sem nada em troca pedir.

Ela leva a sua vida assim, e como é árdua a sua vida. Tenho que admitir, durante muito tempo ela me escuta, ela sempre esteve lá. E durante esse tempo, ouviu minhas palavras como se fossem preces, me observou de uma forma tímida incapaz de se opor a mim, e chego até mesmo a pensar que ela me entenda. Se isso pode acontecer?! Sim, ela me entendeu quando você simplesmente não quis nem me ouvir...

Pobre parede. Tenho que confessar minha pena por ti. Mas fico feliz por saber que você não sente o que eu sinto, queria até que pudesse sentir um pouco, mas somente para te satisfazer. Você se sente fria, tão calculável (e “imobita”). Mas, não quero que sinta a minha dor, meu pesar e toda essa carga que vem com o passar dos anos. Pensando bem, não sei se você mereceria isso, fique aí mesmo onde é o seu lugar. Não quero lhe incomodar. Não ... Nunca quis.

Bem, mas obrigada por me ouvir e me entender, mesmo sendo uma fria parede você é possuidora de dotes que seres humanos não têm. Estes seres dotados de inteligência não são capazes de se incomodar, eles não entendem nem a si mesmos. Obrigado fria parede por não ser tão fria como eles.