"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável" ( Gandhi)

domingo, 1 de fevereiro de 2009

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- Não leia. Não vale a pena.

Ela me disse que não tinha nada de anormal. E realmente não há. Ta tudo tão normal, tudo tão cinza. Acho que esse seria o problema. Está tudo excessivamente normal. E o tédio, o ócio, cresce como planta, engole o tempo e a metade do caminho. Os dias passam rápidos, e quase nem os percebo. A monotonia chega a ser quase invisível. Todos os dias iguais. E não há um dia que eu não faça as mesmas coisas – repetidas involuntariamente. E se alguém pergunta: você viajo? Eu respondo que sim. Eu viajo demais, acho que agora mesmo to viajando. Mas é melhor botar os pés no chão, antes que eu não consiga escrever mais nada. É eu viajei. Passei os dias dentro do meu quarto, como uma turista em minha própria casa. Ah, perdão, a casa não é minha. Enfim, cada dia piora a situação, piora, não sei mais de nada. Não sei mais o que se passa ao meu redor. Para mim são apenas imagens passadas com uma velocidade a mais que a normal. Mas as mesmas imagens. Eu poderia estar ficando louca ou simplesmente apenas enjoada demais, estressada demais, quase que insuportável. Eu queria realmente. Eu queria tanto ter uma vida diferente, não muito sabe. Eu queria ser feliz como qualquer outra pessoa, que com certeza leva uma vida diferente, sabe não tão normal como a minha. Só um pouquinho. Seria pedir demais?! Eu acho que sim. Bem, eu poderia fingir estar sempre bem. E realmente não sei por que me sinto assim. É como uma febre que não passa, e eu sinto-a queimar dentro de mim, dentro do meu nauseado estômago. É como se algo estivesse prestes a acontecer, mas nunca acontece. Eu espero por algo todos os dias, algo que me tira os sentidos e me rouba a atenção, algo que eu nem sei o que é. Talvez eu deva sair um pouco, olhar o mar, um pôr-do-sol, o crepúsculo da tarde. Talvez eu devesse... sim. Mas eu simplesmente caiu na cama, e de súbito a escuridão da noite me rouba os pensamentos. Aí tudo piora. Esse calor terrível. Poderia ao menos chover. Mas não chove lá fora, só aqui dentro. E meus olhos ficam ativos a escuridão, é impossível dormir, só me resta esperar que o tempo me derrube na madrugada. Minha boca treme, sem nem ao menos pronunciar teu nome, que eu nem sei escrever. E a angustia me toma, nesse anseio pelo que eu nunca vi. A circulação acelera tão fortemente, sem motivo, tudo é tão rápido. Minha respiração torna-se ofegante, e esse vazio que me toma, quase me engolindo por inteira. Torno-me o vazio. Eu tento falar, mas nada sai. Tento recitar um poema qualquer, ou palavras que descrevam a sensação, mas não posso. E esse germe da sensibilidade mórbida que pode ocasionar dores, que a mim foi imposto. Eu que costumava ser demasiadamente cheia de mim mesma, agora me vejo arrebatada ao chão. O oxigênio me pesa aos pulmões, se tornando difícil respirar. O silêncio é difícil de ser interrogado, ele nos consome e nos deixa assim, sem palavras. Palavras que antes tínhamos agora já não nos bastam. Silêncio tão ruidoso que chega a doer nos ouvidos, e nos torce diante de tal situação. Nem mesmo a voz mais cálida e musical seria capaz de quebrá-lo. Silêncio eu o ouço agora, não o vejo, mas o ouço.

5 comentários:

тнαү disse...

quando eu vi esse texto me deu uma preguiça, mas como sempre voçê me surpreendeu com suas palavras.
de uma coisa eu sei voçê não é nem um pouco normal, e o incrível que voçê faz as viagens mais interesantes que alguém possa fazer, voçê viaja nos seus pensamento.
*-* adorei muito mesmo
sem palavras ^^
voçê realmente é muito boa.

Neko disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Oi minha querida!
To espantando com a singularidade dos teus pensamentos, com a firmeza com que descreves a solidão e a maneira de como vislumbras a felicidade.
Outro dia conversamos pelo Messenger, e notamos que somos muito parecidos lembras?
Existe um trecho nesse seu texto que me chama muito atenção e que inúmeras vezes usei em momentos em que a sufocante sensibilidade me apertará o peito.
“Será que é pedir muito?”
Nunca percebi ou achei respostas, todas as vezes que me perguntava sempre minhas palavras ecoavam no vazio extensivo que a solidão me causa.
E até vivo sem essas repostas, não conformado, apenas paciente e pensativo de que um
Dia irei descobri-las até lá, senti-la escrever tem sido formidável, parabéns...

doravante disse...

já é tarde.
eu li.
o bom é que não me arrependi.
:)

Lorena N. disse...

Bom, nada parece valer apena. Por que eu não leria? Acontece que as tuas palavras chaves são as mesmas que as minhas, e se há vazio, o que resta é ler e escrever, não achas?! Então eu te li, e te digo que as tuas palavras não me surpreenderam pois cheiraram tão a vazio quanto as minhas. Eu gostei. É o reflexo de um Eu-meu. E teu.