
O Rejeitado não tem nenhum cheiro.
O Rejeitado não tem mãe, pai, tio ou irmã.
Ele supera tudo, pois não tem por quem viver.
Supera a disenteria, queda em poços – tão escuros e frios
Quanto o seu interior – e todos os ferimentos possíveis.
Mesmo assim, o Rejeitado cresce alto e forte.
Concebido na penumbra
Rejeitado desde a hora do nascimento.
Eis o que lhe mantém vivo:
O Rejeitado não necessita de viver,
Apenas existe em seu próprio ser
Longe das ruas da cidade.
E mesmo não tendo cheiro,
O Rejeitado é dotado de um dom inestimável;
A percepção dos aromas.
No campo dos perfumes ele é o doutor.
Diante das flores esbanja talento
Aproveita-se dos perfumes para encobrir a sua podridão
O mau cheiro que emana de seu mundo.
Está é sua arte refinada.
Oh, rejeitado eis o que querias.
O próprio alquimista das palavras.
Encobre seus pensamentos e ações
Restando assim mais um verso
Solto em sua mesa.
Cores, odores, nuances, sabores e essências
Fazem parte... da sua ambição.
Tal sentimento que nos faz sentir ódio, desprezo e amor.
Simula o odor que espira, como
A perdição em um dia de chuva.
Vive em si mesmo
Não grita, não sorri, nem o seu próprio cheiro pode-se sentir.
Monstro que a natureza concebeu.
Não pode retribuir nada ao mundo,
Pois ele finge viver.
2 comentários:
ta massa =D
inspirado em perfume,certeza
o rapaz do livro,cujo nome nao lembro,realmente deve se sentir assim.
ele é praticamente amaldiçoado =/
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