"A força não provém da capacidade física e sim de uma vontade indomável" ( Gandhi)

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O parque.




Eu ainda me lembro de quando...
Sentávamos no parque e ficávamos apenas ali, sentados nos bancos, calados, olhando o pequeno lago, que ficava um pouco a diante dos brinquedos e do balançador. Costumávamos nos balançar o dia todo, mas para nós o tempo não passava. E prestávamos atenção em cada movimento, cada sussurro, cada acontecimento que lá se faria presente.
Uma criança passava correndo, demonstrando em sua face a verdadeira alegria, a total inocência. Outra fugia dos braços de sua mãe e corria ao redor de todo o parque. Corria livre, mas ao ver os pombos ia logo ao encontro deles e eles, assustados, batiam suas asas e voavam sem rumo ou direção. Nós costumávamos nos perguntar se ela queria assustá-los ou se, talvez, ela quisesse apenas brincar com eles. E a pobre criança saia aos prantos, assustada porque eles voaram e nem quiseram com ela brincar.
Você costumava rir de mim. Sempre se aproveitava de mim para se divertir um pouco mais. Como quando nós tomávamos sorvete, sentados nos bancos, conversando e você sempre falava algo que me intrigava, pois eu demorava um pouco para entender – ou para prestar atenção.
Eu ficava completamente perplexa, pensava no que você havia me dito e nem sequer notava que todo o meu sorvete tinha ido ao chão. Você ria, ria de mim, ah, era uma tortura. E você tirava o dia todo para me lembrar dos meus descuidos. Mas até eu ria de mim mesma, sempre fui um pouco... não, sempre fui muito desligada.
Você dizia que eu vivia nas nuvens, que já estava na hora de pôr os pés no chão. Mas eu queria tanto voar que às vezes me esquecia disso.
Ah, eu queria tanto...
Você me dizia que se eu ficasse sozinha seria capaz de afundar em mim mesma, de tão concentrada que estaria em mais uma estória inventada que nunca aconteceu. É, mas você sempre gostava das minhas estórias, talvez porque elas sempre tivessem um pouco de você.
Lembro-me do teu sorriso, do teu olhar, teu jeito chato e encantador que me fazia sentar durante horas em frente ao lago, apenas para conversarmos, ou, simplesmente, para ficarmos observando o mundo.
Eu permanecia mais dentro de mim do que dentro do próprio mundo. Mas você sempre foi comunicativo, conversava com qualquer pessoa, fazia amizades mais fácil que eu, que sempre fui difícil se tratando em me doar um pouco aos outros, mas você nunca teve dificuldades quanto a isso. Eu me sentia bem perto de você.
Uma vez você me disse que o amor nunca morre, ele apenas muda de endereço. Eu ri, e tive que concordar com você. Aliás, você sempre achava que estava certo mesmo, então não faria tanta diferença.
Passou o tempo e ainda me lembro de tudo entre nós; dos momentos que passamos sentados no parque, das pessoas que ali passavam e deixavam um pouco de si.
E hoje, eu sei que você estava certo. O amor não morre, ele apenas muda de endereço.

"Thank you"

3 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhoso, simples, porem encharcado de sentimentos puros, precisava ler algo assim...
muito bom, parabéns...
=)

Hamlet disse...

Massa =D

o cara aí falou tudo \o/

Gostei basta,te,MARA
S2

Natany Naira disse...

Exelente texto !
as veses não valorizamos as coisas mais simples..