Me sinto incapaz de me deparar com o passado e me demonstrar
indiferente. Sinto vontade de chorar, às vezes; doutras, de dar risadas, até que
me constatem como louca. Sei da sua estranha importância sobre os seres, mas
quase não entendo nada, absolutamente nada. No passado não há respostas, apenas
perguntas. Como seria se eu tivesse feito diferente? Se não tivesse feito nada
ou, até mesmo, tudo? Confesso que não encaro o espelho com o ar da verdade, mas
encaro; mesmo não entendendo os seus significados, encaro os seus traços, como
se fossem feitos por algo particular em mim, e como se a mim pertencessem. Vejo
suas marcas; vejo a incerteza da dúvida, mas também vejo o desejo de duvidar;
de não compreender, mas querer compreender. Aí está. A graça não está em saber
tudo, mas em querer saber, mesmo sabendo que não se sabe. Fortificações
deveriam ser feitas nos olhares, fortalezas delicadas, porém equilibradas, para
que pudessem enxergar além da visão, até mesmo além das verdades. Mas, o que
seriam verdades? Não sei. Algo pessoal e bastante relativo. Assim como as
verdades, não podemos enxergar a justiça. Entretanto, a injustiça nós podemos
ver, sentir, presenciar e viver. Mantenha a visão, não pense que tudo está
errado, mas, também, não creia na ilusão de que tudo está certo.
09/01/2012