
Como se fosse algo de estranha importância para mim, ela me olhava, sem dizer palavra alguma. Talvez, assim como as palavras a fizeram, ela estaria tentando neste momento me desmistificar, arrancar algo de mim, mas acredito que ela queria mesmo que eu falasse. Ela não queria saber o que tinha em mim, o que eu estava pensando naquele momento, apenas queria que eu falasse sozinha, sem pedidos ou nada em troca. Queria ver a reação do outro e nela tirar suas conclusões de si mesma. Deixei o livro sobre a escrivaninha, mas ela ainda parecia me olhar. O que seu retrato falaria? O que tentaria demonstrar? Ela era tão simples, mas tão única, estranhamente enigmática. E eu me flagro pensando, o que havia dentro de si?
A ela, Clarice.
Um comentário:
"Vc ainda existe ? em algum ? dentro de mim... sim, ainda existes..."
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